A Salesforce, gigante global de tech e marketing avaliada em mais de 138,62 bilhões de dólares, anunciou nesta quarta-feira (4) que promoverá uma reestruturação, com a demissão cerca de 8.000 funcionários, cerca de 10% da sua força de trabalho global, além da desativação de alguns escritórios.
A empresa é mais conhecida pelo seu CRM (software de gerenciamento de relacionamento com o cliente e vendas), o Sales Cloud. A participação do software da Salesforce chega a 23,8% do mercado global de CRMs, segundo do Statista.
A empresa também é a proprietária da Slack, app de comunicação empresarial adquirido por ela em 2021 em um acordo de US$ 27 bilhões.
Efeito “positivo” da pandemia no digital já passou
Em uma carta enviada pelo co-CEO da Salesforce, Marc Benioff, e anexada ao arquivo da SEC de quarta-feira, ele disse aos funcionários que
“O ambiente continua desafiador e nossos clientes estão adotando uma abordagem mais ponderada em suas decisões de compra. Com isso em mente, tomamos a difícil decisão de reduzir nossa força de trabalho em cerca de 10%, principalmente nas próximas semanas”.
Ele acrescentou que, como a receita da Salesforce acelerou durante a pandemia, a empresa contratou demais e não pode mais sustentar o tamanho atual da força de trabalho devido à crise econômica em andamento. “Assumo a responsabilidade por isso”, disse Benioff em sua carta.
A Salesforce tinha quase 80.000 funcionários globais no fim de 2022, contra mais de 49.000 funcionários no início de 2020.
A companhia segue o playbook de demissões do mercado, que já foi usado por empresas como como a Meta, controladora do Facebook, Amazon, e Twiitter, que tomaram medidas no ano passado para se prepararem para um possível cenário recessivo, acompanhando a decisão dos bancos centrais globais de aumentarem agressivamente as taxas de juros para combater a inflação a longo prazo.
No Brasil, conforme anunciamos aqui no Pixeld, startups do setor de marketing digital também realizaram demissões em massa, entre elas a Hotmart e Grupo Primo.
Em mensagem publicada no site da Hotmart no dia do anúncio do cortes, João Pedro Resende, CEO da empresa,, lamentou a situação e disse que isso é parte de uma reestruturação que afeta vários setores e equipes.
O CEO também destacou que o crescimento que se esperava no pós-pandemia e a expansão da operação interna não aconteceram no mesmo ritmo:
A realidade é que o crescimento que esperávamos no pós-pandemia, e a expansão interna da operação, não aconteceram no mesmo ritmo. Em outras palavras, a eficiência operacional caiu. Eu assumo total responsabilidade por isso. – escreveu João Pedro.
Se pinga nos grandes, respinga nos menores
O que há de comum em todas essas anúncios de demissão é o fato que essas empresas contrataram muito durante a pandemia, e agora precisam cortar parte do quadro.
Além disso, os anúncios trazem visões conservadores para o cenário econômico, seja a nível global ou mesmo no Brasil, prevendo uma desaceleração das vendas em relação à 2021 e 2022.
Ao mesmo tempo que os relatórios apontam que, mesmo com uma crise, o setor de publicidade digital deve continuar crescendo em 2023, é importante que quem trabalha com vendas na internet, seja B2B ou B2C esteja atento. Afinal, se o cenário macroeconômico impacta os grandes, com certeza impactará os pequenos e médios negócios.