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Flávio Augusto foca no mercado digital e amplia aquisições de edtechs

Empresário quer impulsionar crescimento das plataformas de educação com investimentos em tecnologia, canais de vendas e ações de marketing

O ano era 1995, quando Flávio Augusto da Silva começou a empreender e inaugurou a primeira unidade da Wise Up que, com o passar do tempo, se tornou líder no ensino do inglês para adultos, na América Latina.

Em 2020, quando o mundo precisou reinventar seus negócios para sobreviver aos efeitos da pandemia, causada pela Covid-19, o presidente da Wiser recomendou que 100% dos franqueados da rede Wise Up migrassem para o digital.

A rede, que contava com 400 franquias em 2020, reduziu o número de escolas para 300 unidades, sendo 200 delas voltadas para o ensino online, e os resultados foram positivos. Em entrevista ao NeoFeed, Fávio Augusto afirmou que, com a implementação do ensino à distância, o número de alunos passou de 80 mil para 400 mil.

A atenção para as tendências de mercado permitiu que o empresário promovesse ações efetivas para o enfrentamento dos desafios durante a pandemia. Essas soluções servem de inspiração a outros empreendedores, principalmente aos que atuam na área da educação, que é o grande foco da Wiser.

 

Agilidade na tomada de decisão

Em 2018, a Wise Up já tinha os olhos voltados para o digital e, no ano seguinte, as escolas implementaram os primeiros cursos online. A agilidade na tomada de decisão foi o ponto chave para o sucesso da rede durante a pandemia.

A partir do fechamento de todas as unidades da Wise Up, ocorrido em 18 de março de 2020 por motivo da pandemia, a rede já tinha um plano para continuar promovendo o ensino do inglês aos alunos, que foi implementado apenas cinco dias depois.

– Vi que precisávamos de um plano que permitisse ficar com unidades fechadas por, pelo menos, dois anos – lembra Flávio Augusto, em entrevista concedida ao portal Exame, em março deste ano.

Os franqueados foram ágeis na adesão das medidas incentivadas pelo empresário e, dessa forma, foram capazes de passar pelo período delicado da pandemia, obtendo resultados positivos.

Foto: Divulgação

Presencial x Online

A migração do ensino presencial para o digital pode trazer diversas vantagens, tanto para quem empreende, quanto para os que usufruem dos serviços online de uma empresa.

Apesar de depender de uma estrutura robusta para promover qualidade no ensino, a estratégia pode exigir menos custo e maior alcance de público.

Segundo Flávio Augusto, o investimento em um imóvel que comporta uma franquia de sua rede custava em torno de R$ 500 mil a R$ 600 mil, para uma área de 300 a 400 metros quadrados. No caso das franquias 2.0, como tem chamado as novas escolas da rede, esse custo é bem menor.

– Esse investimento vai estar na ordem de R$ 350 mil a R$ 400 mil e 30% desse aporte pode ser financiado pela Wiser – conta Flávio Augusto sobre os investimentos em espaços menores, com 150 ou 180 metros quadrados.

Com a diminuição dos custos e o maior alcance de alunos, é possível atingir faturamentos mais atrativos em comparação com o período em que a rede atendia apenas no formato presencial. Atualmente, a Wise Up possui alunos localizados em 150 países, com a plataforma online.

Apesar do alcance global, o foco principal da empresa está nos alunos residentes no Brasil, onde existe um grande potencial de expansão das atividades. A ideia é disponibilizar o ensino em todas as cidades do país.

 

Foco na aquisição de edtechs voltadas à empregabilidade

Com a expansão dos negócios digitais durante a pandemia e os resultados positivos da implementação de cursos online, a Wiser vai intensificar o foco no mercado digital, mais especificamente em negócios que geram maior empregabilidade.

A decisão fez com que a empresa buscasse modelos de negócios já validados, mas que, pudessem ter a a performance acelerada com a ajuda da Wiser. Com base nisso, Flávio Augusto fez cinco aquisições com participação minoritária, mas com a possibilidade de comprar 100% das empresas no futuro.

As investidas da Wiser começaram em 2021, quando adquiriu a Conquer, escola de negócios da nova economia, e a Aprova Total, plataforma de preparação para estudantes que pretendem prestar o Enem e vestibulares.

Este ano, a lista foi ampliada com as aquisições da Eu Militar, curso preparatório para concursos militares, da Vende-C, voltada para cursos de vendas, e da BuQme, plataforma que oferece aulas sobre gravadas sobre best-sellers. Os negócios da Wiser também incluem a escola de empreendedorismo, MeuSucesso.com, e a editora Buzz.

O objetivo é impulsionar o crescimento dessas aquisições, através de investimentos em tecnologia, canais de vendas e nas ações de marketing, para formar um hub de edtechs com um Ebitda de R$ 1 bilhão, em três anos.

A holding de Flávio Augusto já mira outras 72 empresas, umas com as negociações mais avançadas e outras em um estágio preliminar, sendo todas elas avaliadas em mais de R$ 4 milhões.

 

Por que as empresas devem focar no digital

A Wiser acredita que o consumo de cursos online deverá aumentar, mesmo com o fim da pandemia. Com isso, Flávio Augusto pretende apostar no mercado digital, sem descartar a possibilidade de voltar ao modelo presencial no futuro.

Para Daniel Damiani, sócio da JK Capital, empresa especializada em fusões e aquisições com foco no segmento educacional, a Wiser entra para um mercado ainda amador, composto por pequenas empresas iniciadas no digital.

– Ele está olhando para um mercado pouco profissionalizado, com muita demanda e que começou a ver muitas empresas surgirem na pandemia – disse Damiani ao Exame.

O presidente da Wiser exemplificou a sua percepção sobre a mudança nos hábitos do consumidor, com base no que presenciou nos Estados Unidos. Ele disse que, por lá, muitas faculdades oferecem cursos online com preços mais altos que no modulo presencial.

O comportamento dos consumidores tem mostrado que, agora, a prioridade está na comodidade e na economia de tempo, quando precisarem escolher entre o modelo presencial ou online de um curso. E isso pode ser um indicador importante para as empresas que pretendem se inserir no mercado digital.

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