A você, que não está há muitos anos por essas terras da internet: o Facebook já foi legal e popular, acredite ou não. Porém, muita coisa mudou na rede social desde os primeiros dias do Feed de Notícias, quando estava cheio de atualizações de status e fotos de amigos.
O Facebook teve o seu feed de notícias bombardeado por marcas e páginas que competiam por atenção, além de muitos comentários negativos e brigas políticas. Por isso, acabou se tornando um lugar que adolescentes e jovens adultos não se sentem tão à vontade para compartilhar a sua vida.
Agora, depois de passar os últimos quatro anos tentando consertar o feed de notícias, tornando-o mais sobre amigos e familiares, a rede social decidiu ir por outra direção: mostrar conteúdos de entretenimento, mesmo que seja de pessoas que você não conhece.
A nova forma de distribuir conteúdo se chama “Discovery Engine” e tem tudo a ver com o queridinho do momento: TikTok. A intenção do Facebook é recuperar a atenção da geração de jovens que foi para o “aplicativo vizinho”.
De acordo com Tom Alison, chefe do Facebook, o que eles estão tentando é uma visão atualizada de como o aplicativo responderá à próxima geração de pessoas que o usarão.
Tudo que iremos mostrar da trajetória do Facebook é fruto do podcast Land Of The Giant da Vox Media Podcast em parceria com os sites Recode e The Verge.
Evolução do Feed de Notícias do Facebook
O Facebook nasceu como uma rede social de conexões. Adam Mosseri, atual chefe do Instagram, disse que as pessoas ao redor do mundo utilizavam o Facebook para se conectar com seus amigos e família e, por isso, eles investiram em formas de melhorar essa experiência para os usuários.
2015
Em 2015, o algoritmo se refinou para perceber o que fazia o usuário passar mais tempo no Facebook e, baseado nisso, mostrar mais postagens daquele tipo. Contudo, eles não contavam com os “clickbaits”, que começou a bagunçar os algoritmos e mostrar muitos conteúdos desagradáveis para os usuários.
As pesquisas mostravam que as pessoas se sentiam mal quando estavam somente assistindo a vídeos e não interagindo com as suas conexões. Assim, nasceu um novo feed de notícias.
2018
Em 2018, o Facebook passou a utilizar os algoritmos para priorizar as postagens dos seus amigos. E de que forma ele poderia reconhecer interações significativas? Por meio dos comentários do usuário nas postagens que gostassem. As interações ou conteúdos que as pessoas engajassem se tornariam relevantes e apareceriam primeiro no feed de notícias.
Para que isso acontecesse, mais de 50 milhões de horas de vídeos virais foram retirados da plataforma.
Contudo, a empresa não contava com os comentários ruins. Logo começaram a aparecer comentários contendo bullying e discurso de ódio, e estes estavam ganhando muita visibilidade, já que o ranqueamento levava em conta o engajamento. Comentários violentos estavam sendo recompensados pelo algoritmo do Facebook.
A solução que acharam foi começar a derrubar os conteúdos que violassem as regras. Mark Zuckerberg se pronunciou quanto a isso:
Quando você conecta dois bilhões de pessoas, você vê toda a bondade e também toda a maldade da humanidade
Ele quis mostrar que o problema não estava na tecnologia, e sim em como a humanidade usava a tecnologia.
O algoritmo baseado em interações significativas acabou se mostrando uma péssima medida para o Facebook.
2021
Em 2021, uma pesquisa feita mostrou que as pessoas mais jovens sentiam o Facebook como um lugar para pessoas entre 40 e 50 anos. Os jovens adultos o viam como chato, errôneo e negativo. Essa geração, de acordo com a pesquisa, tinha associações muito negativas com o Facebook, incluindo questões como privacidade e impacto no bem-estar.
A rede social, que antes era feita para jovens acadêmicos, tornou-se um local para idosos. Dessa forma, mostrou-se necessário novo feed de notícias, ou, como é chamado agora, somente: Feed.
A nova era do Feed do Facebook
Se você quer entender o futuro do Facebook, abra o TikTok.
Desde setembro de 2021, quando o TikTok alcançou um bilhão de usuários, Tom Alisson e os colegas decidiram que seria uma nova era para o feed de notícias do Facebook.
Logo, tanto o Instagram quanto o Facebook passaram a utilizar Inteligência Artificial (IA) para recomendar conteúdos baseados nos interesses do usuário, independentemente de onde venham.
Já que as pessoas não queriam mais interagir umas com as outras, a rede social – que antes era de conexão – passaria a ser de entretenimento.
A empresa chama essa nova fase de “Discovery Engine Approach” e já está rodando nos feeds das plataformas, aqui no Pixeld já falamos bastante sobre o assunto.
Os conteúdos não têm a ver com as suas conexões, isso dentro de uma plataforma de conexões.
Sempre quando questionada, a empresa afirma que a próxima geração quer coisas diferentes dos feeds das redes sociais.
A repercussão do novo feed
Os usuários começaram a reclamar do “Discovery Engine Approach”, principalmente no Instagram, onde a IA foi testada mais agressivamente.
A resposta de Tom Allison à repercussão é:
Nós melhoramos a nossa IA, tornando-a mais sofisticada, agora ela pode olhar para os bilhões de pedaços do conteúdo que está sendo criado no Facebook e consegue entregar somente o melhor pedaço para você no momento
Ainda assim, a ideia do Facebook é tentar fazer toda essa mudança se encaixar no conceito de conexão, que era a ideia inicial da plataforma, de forma a dar a entender que a rede social continua a mesma.
De acordo com Alisson, o novo feed tornou- se um ponto para iniciar mensagens privadas entre amigos e famílias, que mandam os vídeos que se identificaram, gerando uma “conexão por meio do conteúdo”.
Realmente, compartilhar vídeos de estranhos com amigos ou com a família é um bom ponto de início de uma interação por meio das mensagens privadas, mas será que não parece um pouco de desespero da rede social por não querer perder “a alma do Facebook”?
O que se sabe, no meio de tanta evolução e mudanças na tentativa de acertar e de continuar vivo, é que o “Discovery Engine Approach” traz ainda mais responsabilidade para a empresa, já que estará entregando conteúdos não baseados em conexões.
Para saber mais sobre o assunto, é só escutar o podcast do Land Of The Giants: