O processo de criação de um livro pode demorar meses, até mesmo anos. No entanto, o gerente de design norte-americano Ammaar Reshi fez isso em apenas 72h, o que gerou surpresa e uma série de críticas pela internet.
Reshi utilizou o ChatGPT para escrever “Alice and Sparkle”, uma história sobre uma garota chamada Alice que quer aprender sobre o mundo da tecnologia, e seu amigo robô, Sparkle. Ele então usou Midjourney, um gerador de arte IA, para ilustrá-lo.
Dessa forma, em apenas 72h, o design havia publicado seu livro na livraria digital da Amazon.
No dia seguinte, ele tinha o livro de bolso em suas mãos, feito gratuitamente através de outro serviço da Amazon chamado KDP — tudo isso sem custo adicional, além dos US$ 30 da assinatura do Midjourney.
O sucesso do livro no Twitter
Impressionado com a velocidade e os resultados de seu projeto, Reshi compartilhou a experiência no Twitter, o que atraiu mais de 2.000 comentários e 5.800 retweets — até então.
I spent the weekend playing with ChatGPT, MidJourney, and other AI tools… and by combining all of them, published a children’s book co-written and illustrated by AI!
Here’s how! 🧵 pic.twitter.com/0UjG2dxH7Q
— Ammaar Reshi (@ammaar) December 9, 2022
Passei o fim de semana brincando com ChatGPT, MidJourney e outras ferramentas de IA… e combinando todas elas, publiquei um livro infantil co-escrito e ilustrado pela IA! Veja como!
Ele disse que inicialmente recebeu feedback positivo de usuários elogiando sua criatividade. Mas, no dia seguinte, as respostas já não foram tão agradáveis.
Segundo Reshi, em entrevista ao Business Insider:
Houve uma resposta incrivelmente apaixonada. Às 4 da manhã Eu estava sendo acordado pelo meu telefone explodindo a cada dois minutos com um novo tweet dizendo coisas como ‘Você é escória’ e ‘Nós te odiamos.’
Reshi disse que ficou chocado com a intensidade das respostas para o que deveria ser um presente para os filhos de alguns amigos. Foi somente quando ele começou a lê-los que descobriu que havia se desembarcado no meio de um debate muito maior.
Inteligências Artificiais plagiando os artistas
O livro de Reshi tocou em um ponto fraco de alguns artistas que argumentam que os geradores de arte de IA estão roubando seu trabalho.
Eles afirmam que sua arte foi usada para treinar geradores de imagens de IA como Midjourney sem sua permissão. Os usuários podem inserir os nomes dos artistas como prompts para gerar arte em seu estilo.
Uma atualização da Lensa AI, uma ferramenta de edição de fotos, se tornou viral nas mídias sociais no ano passado depois que começou a utilizar IA para transformar as selfies dos usuários em obras de arte, levando os artistas a destacar suas preocupações sobre os programas de IA que se inspiram em seu trabalho sem permissão ou pagamento.
Dessa forma, o livro de Reshi foi brevemente removido da Amazon — ele disse que a Amazon interrompeu suas vendas de 6 a 14 de janeiro, citando “atividade de revisão suspeita”, que ele atribuiu ao volume de avaliações de cinco e uma estrela. No entanto, 841 cópias já haviam sido vendidas antes de ser removido.
De acordo com o design, ele não sabia dessas questões:
Eu não tinha lido sobre as questões. Percebi que Lensa realmente causou essa coisa toda por ser um aplicativo muito mainstream. Ele espalhou esse debate, e eu estava recebendo uma tonelada de ódio por isso. Eu só fiquei chocado e, honestamente, eu realmente não sabia como lidar com isso.
O processo de criação do livro
Reshi disse que o projeto nunca foi sobre reivindicar a autoria do livro. Ele mesmo não se chama de autor, e sim que a IA é essencialmente o ghostwriter (profissional que não recebe créditos de autoria pelo texto que escreveu) e a outra IA é o ilustrador.
Apesar disso, ele alega que pensava que o processo era criativo, e disse que que passou horas aprimorando os prompts em Midjourney para tentar obter ilustrações consistentes.
Tendo em vista as críticas recebidas, Reshi disse que hesitaria em divulgar um livro ilustrado novamente, mas gostaria de experimentar outros projetos com IA.
O objetivo do projeto sempre foi presentear o livro aos dois filhos de seus amigos e, segundo ele, eles gostaram bastante.
Funcionou com as pessoas que eu pretendia, o que foi ótimo, disse ele.
