Imagine a seguinte situação: você simplesmente digita “A robot by Salvador Dali”, em poucos segundos o aplicativo “DALL-E” cria quatro imagens incríveis e únicas de versões de robôs criadas com o estilo do artista Salvador Dali.
E ainda: imagens totalmente livres de direitos autorais para que eu pudesse ilustrar este artigo. Incrível, não”? Confira as artes abaixo:
Imagens geradas pelo aplicativo DALL-E.
Após ver esses resultados, é muito provável que você se pergunte: a inteligência artificial (IA) vai substituir os artistas, designer e criadores de conteúdos?
É um questionamento comum, e faz todo sentido.
A artista Grimes, ex-esposa de Elon Musk, compartilhou uma ilustração que levou horas para ser feita e se questionou, no Twitter, se fazia sentido continuar investindo todo esse tempo e esforço para fazer uma obra de arte, enquanto uma IA pode fazer algo semelhante em segundos.
maybe this is some of the last art I’ll ever draw by hand, I can just feed my art to dalle or Midjiurney or stable diffusion or whatever. This took me like.. 10 hours. Is this a good or bad development? I can’t tell https://t.co/i9qQvbVfop
— 𝔊𝔯𝔦𝔪𝔢𝔰 (@Grimezsz) September 22, 2022
“Talvez esta seja uma das últimas artes que vou desenhar à mão, posso apenas alimentar minha arte para dalle ou Midjourney ou Stabble Diffusion ou qualquer outra coisa. Isso me levou quase.. 10 horas. Este é um desenvolvimento bom ou ruim? Eu não posso dizer.” (Tradução livre)
Em outras oportunidades, por exemplo, durante um podcast, Grimes chegou a dizer que talvez “toda arte será, num futuro breve, gerada por IA”.
Inteligência Artificial cada vez mais presente
A IA está cada vez mais presente no nosso dia a dia, seja nos algoritmos das redes sociais ou em novas implementações feitas pelas empresas.
A Adobe, por exemplo, começou a utilizar IA para recriar partes perdidas em fotos.
O nome do projeto é “All of me”, e a ideia é que a ferramenta utilize IA para pegar fotos com partes faltando e recriá-las a partir do conteúdo existente.
A imagem é analisada, e a partir disso é gerado um mapa do layout e componentes como roupas, membros, objetos e, até mesmo, o cenário são trabalhados e estendidos.
Como resultado, partes que não estão na cena podem ser reconstruídas sem nenhum esforço.
Exemplo do projeto All of Me (Imagem: Reprodução / YouTube)
Além desse projeto e de outros como Mid Journey e DALL-E – que são ferramentas para criação de desenhos e artes por meio de IA –, há também o Mubert AI, um site que cria músicas usando IA para serem usadas em trilhas sonoras de vídeos, podcasts ou qualquer outro conteúdo.
O mais interessante é que é tudo de graça e sem direitos autorais. O Mubert foi criado a partir de mais de 4 mil músicos reais.
Hoje em dia, até mesmo os próprios artistas estão fazendo uso da IA para criar artes, como o designer inglês Paul Parsons, que usou um programa de inteligência artificial para imaginar como seria a versão “baby Disney” de alguns super-heróis da Marvel.
Versão bebê do Thor, super-herói da Marvel, feita com ajuda de IA.
Seria a morte da arte?
Ok, a arte está morta.
Esta frase foi dita por Jason M. Allen, vencedor da feira de arte do Colorado na categoria “artistas digitais emergentes”.
Allen ganhou o prêmio com uma obra feita pelo MidJourney, programa que permite que imagens sejam criadas por meio de frases como “astronauta em cima de um cavalo”, assim como o DALL-E.
Claramente a vitória deixou os artistas furiosos, de acordo com o ganhador:
Acabou. A inteligência artificial ganhou. Os humanos perderam.
O mesmo medo é revelado no mundo da música. A Associação Americana da Indústria de Gravação (RIAA) já revelou uma preocupação com os serviços de IA.
A principal reclamação é que as músicas originais estariam sendo usadas para criar trabalhos derivados sem a permissão necessária.
Uma das plataformas duramente criticadas pela RIAA é a Songmastr – serviço que promete masterizar qualquer música com base no estilo de artistas conhecidos, como Beyoncé, Taylor Swift ou Billie Eilish, por exemplo.
O grande ponto da associação está no upload de faixas protegidas por direitos autorais, que são usadas para criar trabalhos derivados sem a permissão de seus proprietários.
Mas calma! A Inteligência Artificial não veio para subtrair, mas sim para somar
Todas as vezes que uma nova tecnologia é inserida na sociedade, tememos a extinção da mão de obra.
Foi assim com a fotografia, todos temeram que os artistas plásticos seriam extintos.
Quando os jornais surgiram, pensavam ser o fim dos livros. Da mesma maneira, pensava-se que as emissoras de rádio “matariam” os jornais.
A mesma coisa com a TV, que iria eliminar completamente o rádio. E quem nunca ouviu que a “TV vai morrer por causa da internet”?
Entretanto, em pleno 2022, um artista plástico pode começar seu dia lendo um livro e notícias no jornal, pintar ao longo do dia ouvindo uma rádio, e assistir TV no final do dia, para relaxar.
O fato é que, na verdade, somos seres complexos e exigentes, adoramos ter opções e sabemos utilizar essas ferramentas das mais variadas maneiras. Uma nova tecnologia sempre é complementar à tecnologia anterior.
Uma lógica bastante eficiente para esta conclusão é chamada de “centauro”, e foi cunhada nos anos 1990, após o magnífico Gary Kasparov ser vencido pela IA Deep Blue em um jogo de xadrez: A imagem do centauro representa um ser, parte cavalo, parte humano.
Com a tecnologia é assim também: a inteligência artificial ou um ser humano sozinhos são incríveis, agora, a junção dos dois cria coisas absolutamente fantásticas.
Sempre utilizaremos a tecnologia como “parte” de nossa essência para chegarmos cada vez mais longe, logo, não é necessário o medo de ser substituído, e sim aprender a caminhar junto.
Você está pronto para usar a Inteligência Artificial como sua aliada? Continue seguindo esta coluna, pois em breve trarei mais conteúdos para te ajudar nesta missão.